Ao longo dos últimos 17 anos, o Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará (IFCE) se consolidou como uma das principais instituições de formação de professores no estado. Presentes em 28 dos seus 33 campi, as licenciaturas do IFCE somam mais de 11 mil matrículas, distribuídas em cursos de Matemática, Física, Química, Biologia, Geografia, Educação Física, Teatro, Música e Artes Visuais, além de Pedagogia e várias formações em Letras (Português, Espanhol, Inglês e Libras).

Como mostra a Plataforma Nilo Peçanha, ambiente virtual de coleta, validação e disseminação das estatísticas oficiais da Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica, o IFCE tem apostado na oferta de mais cursos presenciais, sobretudo no interior do Ceará, e no aumento do número de vagas (veja quadro). 

Em oito anos, entre 2017 e 2024, o IFCE ganhou mais de 4.200 novas matrículas, em 19 novas licenciaturas, em oito campi a mais. Aliada à expansão, a instituição cresce também através dos programas de formação em docência, das políticas de internacionalização, aplicando inovações tecnológicas e aderindo às iniciativas de permanência e êxito estudantil. Tudo para preparar educadores capazes de enfrentar os desafios contemporâneos da escola pública.

Interiorização é diferencial dos Institutos Federais

O IFCE se destaca também por sua capilaridade. Criado a partir da lei que determinava que 20% das vagas fossem destinadas à formação de professores, o instituto ultrapassa esse percentual, com 22,6%. A interiorização da oferta é considerada um marco.

“Antes de 2008, quem queria fazer licenciatura precisava, em geral, migrar para Fortaleza e algumas poucas cidades maiores. Hoje, com campi no interior, milhares de jovens podem se formar em suas próprias cidades. Isso representa inclusão educacional e social”, ressalta o professor Andreyson Calixto, coordenador institucional do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (Pibid) no IFCE.

A egressa Maria Irilene Alves dos Santos, hoje coordenadora pedagógica em Canindé, confirma essa importância. Também graduada em Pedagogia em uma instituição particular, cursou licenciatura presencial em Matemática no campus de Canindé e sublinha o caráter precoce das práticas pedagógicas.

Atualmente, Irilene é doutoranda e mestra em Educação Brasileira na linha de Avaliação Educacional do Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Federal do Ceará (UFC) e membro do Núcleo de Investigação em Avaliação Educacional (NIAVE/IFCE/CNPq) e do Grupo de Pesquisa, Instrumentos, Modelos e Políticas de Avaliação Educacional (IMPA/UECE/CNPq).

Para Andreyson, o grande diferencial dos Institutos Federais é a integração entre educação básica, graduação e pós-graduação no mesmo espaço.

Internacionalização e inovação tecnológica

A internacionalização também marca presença na política institucional do IFCE. O professor Leandro Araújo de Sousa, que realizou intercâmbio em Portugal, destaca o impacto dessa experiência. “O contato com outros países nos permite debater modelos diferentes de formação docente e criar parcerias de pesquisa de alto impacto. É um enriquecimento cultural e científico fundamental. O desafio é garantir mais investimentos para ampliar o acesso dos estudantes.”

Leandro também chama atenção para a importância da internacionalização da formação docente. Seu intercâmbio em Portugal foi realizado junto com estudantes da licenciatura em Educação Física e trouxe muitos benefícios aos alunos. “Estabelecemos relações sólidas com pesquisadores da Universidade do Minho e da Universidade de Santiago de Compostela. Isso enriquece culturalmente, abre espaço para pesquisas comparadas e nos permite aprender com diferentes modelos de formação docente no mundo”, relata.

O professor aponta que países referência em educação, como Canadá, Finlândia e Singapura, têm algo em comum: um sistema estruturado de formação docente que articula atração para a carreira, acompanhamento na formação inicial, inserção supervisionada na profissão e formação continuada. Para ele, o Brasil poderia avançar muito se conseguisse integrar suas políticas de iniciação à docência e mestrados profissionais em um sistema coeso.

Além disso, os licenciandos do IFCE também usufruem de intercâmbio internacional desde que foi criado o Programa de Bolsas IFCE Internacional, em 2013. No mês passado, sete dos 21 estudantes que viajaram para cursar um semestre acadêmico no exterior são de licenciaturas. De setembro de 2025 e fevereiro de 2026, eles vão estudar nos Estados Unidos e Portugal.

Para o assessor de Relações Internacionais do IFCE, professor Francisco Gutenberg Albuquerque Filho, "o intercâmbio acadêmico constitui um instrumento estratégico para a qualificação da docência e para a consolidação do compromisso institucional com a educação de excelência".

Reportagem: Cláudia Monteiro (agencia@ifce.edu.br)

Infográfico: Elias Figueiroa

Fotos: Francisco da Costa, Luciana Gomes, Andressa Souza, Sarah Suellen e arquivo pessoal

Fontes: Andreyson Calixto (andreysoncalixto@ifce.edu.br), Leandro Sousa (leandro.sousa@ifce.edu.br)