Extensão
IFCE inscreve para dez cursos sobre saberes tradicionais afro-brasileiros, indígenas e quilombolas
Iniciativas são realizadas através da Escola Nacional Nego Bispo e reúnem recursos de mais de R$400 mil
Publicada por Andressa Sanches em 12/12/2025 ― Atualizada em 12 de Dezembro de 2025 às 15:51
O Instituto Federal do Ceará (IFCE) está com inscrições abertas para dez cursos de extensão sobre saberes tradicionais afro-brasileiros, indígenas e quilombolas. Ao todo, são mais de 200 vagas em formações gratuitas oferecidas através do Programa Escola Nacional Nego Bispo de Saberes Tradicionais.
O programa busca reconhecer, valorizar e promover os saberes e as identidades dos povos tradicionais na educação brasileira, fortalecendo a presença de suas epistemologias nos processos formativos. Das 100 propostas de cursos de extensão selecionadas em todo o Brasil, dez estão no Ceará, em oito campi do IFCE:
- Canindé: “Eu, você, a escola e a Capoeira”;
- Crateús: “Nossa vida, uma comunidade: partilhando saberes ancestrais no sertão cearense”;
- Crato: “Saberes Tradicionais Quilombolas Caririenses” e “Brincantes do Reisado: Memórias, Cantos e Ofícios da Tradição Afro-brasileira”
- Fortaleza: “Capoeira, Corpo e Ancestralidade: Saberes Afro-brasileiros na Formação Docente”;
- Jaguaruana: “Roda de saberes: a Capoeira como instrumento de resistência e ancestralidade na educação popular”;
- Juazeiro do Norte: “Curso de Xilogravura: registro de legados das tradições e culturas afro brasileiro” e “Saberes inter terreiros: o sagrado e o brincante no tecido das origens do reisado de Juazeiro do Norte (CE)”;
- Paracuru: “Território que alimenta e espiritualidade que sustenta: formação docente, cosmociências indígenas e Bem Viver Anacé”;
- Pecém: “Línguas e Narrativas Tapeba: o Nheengatu e as Tradições Orais como Territórios Simbólicos de Resistência”.
“Essa parceria com a Escola Nego Bispo tem um significado especial, porque nós somos uma instituição interiorizada, estamos nos territórios onde esses saberes nascem e são preservados”, comenta a professora Cristiane Sousa, chefe do Departamento de Extensão Social e Cultural, vinculado à Pró-Reitoria de Extensão do IFCE. “É uma parceria que fortalece a nossa missão institucional, amplia a presença dos saberes tradicionais no nosso cotidiano, e avança nessa perspectiva política, pedagógica, cultural, tradicional para toda a rede federal, em específico também aqui para o nosso IFCE”.
Recursos

Os cursos ofertam entre 20 e 25 vagas para estudantes de licenciatura, profissionais da educação, educadores populares e membros de povos e comunidades tradicionais, além de outros interessados nas temáticas. Os alunos selecionados receberão bolsa no valor total de R$600, dividida em três parcelas.
Cada proposta aprovada conta com apoio financeiro de R$41.600 para a sua implementação e execução, divididos entre o pagamento de bolsas, prestação de serviço e auxílio financeiro para custeio de alimentação, hospedagem, deslocamento, locação de equipamentos e materiais de consumo. Dessa forma, o IFCE captou mais de R$400 mil para valorização e integração dos saberes tradicionais na formação de estudantes de licenciatura, na formação continuada de profissionais da Educação Básica e na formação da comunidade local.
Os cursos serão executados por equipes dos campi do IFCE compostas por um mestre ou mestra do saber, um assistente e um colaborador. “Integrar mestres tradicionais às ações de ensino, pesquisa de extensão, que é um dos objetivos do Programa Nego Bispo e também da nossa Resolução do Notório Saber, vem reforçar esse compromisso nosso com a educação plural e conectada com as comunidades”, destaca a professora Cristiane Sousa.
Sobre a Escola

A Escola Nego Bispo integra saberes tradicionais à formação de estudantes de licenciatura de instituições públicas de ensino superior e de educação profissional e tecnológica, por meio da atuação de mestras e mestres de saberes tradicionais no ensino, pesquisa e extensão, contribuindo, assim, para a efetividade das Leis nº 10.639/2003 e nº 22.645/2008, que estabelecem a obrigatoriedade do ensino das histórias e das culturas afro-brasileiras e indígenas na educação básica. O programa faz parte da Política Nacional de Equidade, Educação para as Relações Étnico-Raciais e Educação Escolar Quilombola (Pneerq).
O objetivo é garantir o pluralismo de ideias e de concepções pedagógicas e epistemológicas durante as formações iniciais de docentes, fortalecendo a produção de conhecimentos teórico-conceituais decoloniais em interação com saberes tradicionais e fomentando o protagonismo de sujeitos, trajetórias e territórios.
O nome do programa homenageia o pensador, poeta e ativista quilombola Nego Bispo, referência na luta por direitos dos povos tradicionais e defensor da valorização dos saberes ancestrais como forma legítima de produção de conhecimento. Essa é uma oportunidade de fortalecer a diversidade epistêmica brasileira e construir práticas pedagógicas que dialoguem com as realidades e os territórios dos povos originários e quilombolas.
- Palavras-chave:
- Comunidades tradicionais Cursos de extensão Escola Nego Bispo Quilombo