Pesquisa no IFCE
Projeto investiga riscos à saúde e ambientais enfrentados por catadores/as de materiais recicláveis em Iguatu
O estudo também quer chamar a atenção da população para a importância da educação ambiental, do descarte correto do lixo e da criação de políticas públicas que garantam condições melhores para os catadores.
Publicada por Amanda Alboino em 25/04/2025 ― Atualizada há 1 semana, 4 dias

No dia a dia, quando descartamos objetos ou restos de alimentos e colocamos os resíduos para fora de casa, geralmente pensamos que o problema deixa de ser nosso. Como se o lixo deixasse de existir. Mas ele continua lá, trazendo problemas, poluição e adoecendo catadores e catadoras que lidam diariamente com a realidade do lixão de Iguatu.
Para avaliar os impactos dos perigos enfrentados por esses profissionais de materiais recicláveis no bairro Chapadinha, um projeto de pesquisa foi desenvolvido pelo curso de Bacharelado em Serviço Social do IFCE-campus Iguatu.

Intitulado “Quando a gente adoece, tudo para: o trabalho e a renda – influência da percepção dos/das catadores/as de materiais recicláveis sobre os riscos de saúde e ambientais para a realização do trabalho de forma segura”, o estudo busca compreender como esses trabalhadores percebem os riscos e de que forma essa percepção interfere na maneira como realizam suas atividades.
Coordenado pela professora Adriana Alves da Silva, do curso de Bacharelado em Serviço Social, o projeto conta com a participação dos estudantes Maria Tereza de Sousa Barros, Mateus Sousa Barbosa e Wendley de Alcântara Silva.

Como a pesquisa está sendo feita?
A pesquisa tem como público-alvo 30 catadores/as (15 homens e 15 mulheres) que atuam há pelo menos um ano no lixão, têm mais de 18 anos, não possuem deficiência e aceitam participar voluntariamente do estudo. A pesquisa usa uma abordagem qualitativa, de forma exploratória e descritiva. Para isso, são usados materiais de estudo (revisão bibliográfica), visitas ao local com observação direta, questionários e entrevistas com os catadores.
As visitas ao lixão são feitas a cada quinze dias, com observação da rotina dos catadores por cerca de uma hora e meia. Os materiais de pesquisa (questionários e roteiros de entrevista) já estão prontos. O projeto também envolve visitas à Secretaria Municipal de Meio Ambiente (SEMA) e ao Consórcio Regional de Resíduos do Alto Jaguaribe, buscando parcerias que ajudem a ampliar a pesquisa.
Quais os objetivos da pesquisa?
Os principais objetivos são identificar os riscos à saúde e ao meio ambiente enfrentados no cotidiano do trabalho e compreender o grau de consciência dos catadores sobre esses perigos, além de verificar como essa percepção influencia suas atitudes de autoproteção.
O que foi verificado?
Foi identificado que os catadores sofrem com acidentes causados por objetos cortantes, contato com produtos tóxicos e doenças respiratórias, de pele, musculares e intestinais. Também é frequente doenças relacionadas a postura e coluna, em virtude do excesso de peso que carregam. Muitos também utilizam alimentos encontrados na coleta de materiais reciláveis, o que pode causar intoxicação. As jornadas de trabalho costumam ser longas, sem pausas, o que piora ainda mais a saúde. A falta de equipamentos de proteção e de um ambiente seguro aumenta o risco de situações graves, como mordidas de animais, prensagens e atropelamentos.
Perspectivas
A pesquisa começou em setembro de 2024 e deve terminar em agosto de 2025. Ela também quer chamar a atenção da população para a importância da educação ambiental, do descarte correto do lixo e da criação de políticas públicas que garantam condições melhores para os catadores. O projeto ainda busca fortalecer a Associação de Catadores de Materiais Recicláveis (ASCMARI), com apoio de instituições que possam garantir mais segurança e reconhecimento para esses trabalhadores, para que eles possam trabalhar com mais dignidade e proteção.
- Palavras-chave:
- Material reciclável Iguatu