A arte de ensinar costuma oferecer boas surpresas aos docentes em suas atividades de rotina. Uma simples tarefa de aula pode trazer muita satisfação para todos os envolvidos. E não somente pelo bom trabalho realizado pelas boas notas. Mas pelas oportunidades de integração, união e fortalecimento dos laços entre as pessoas, mesmo nesses tempos de distanciamento social imposto pela pandemia de Covid-19. Foi assim no trabalho despretensioso que a professora Karlane Holanda desenvolveu com os alunos do primeiro semestre de Ciências Biológicas do campus de Paracuru. Trata-se do projeto "Educação, Filosofia e Arte", desenvolvido na disciplina de Fundamentos Sócio-filosóficos da Educação.

"O objetivo da atividade foi exercitar, desenvolver e aprimorar a arte de pensar e de construir os conhecimentos por meio das diversas linguagens artísticas: música, poesia, quadrinhos, artes plásticas, expressão corporal, entre outras. E nesse primeiro momento, usamos a confecção do autorretrato, em que cada aluno utilizou os materiais reaproveitáveis que tinha em casa para compor sua autoimagem. A intenção é trabalhar o auto reconhecimento e a identificação pessoal e, sobretudo, trabalhar a autoestima”, explicou Karlane.

Mas a qualidade dos trabalhos impressionou tanto, que os aurorretratos ultrapassaram a publicidade na galeria virtual da referida disciplina e agora estão sendo preparados para ganhar as mídias sociais do campus. Para virar exposição, a turma contou com a parceria da professora de música Cristina Gino, que topou ilustrar musicalmente as peças, que vão virar um vídeo nas mãos de Karine Ferreira, técnica em audiovisual do campus. “A escolha da música foi feita através de uma enquete, em que os alunos puderam escolher a trilha sonora da atividade. A música escolhida foi “De toda cor”, de Renato Luciano. A letra da música fala de aceitação de diferenças, resistência e representatividade. Como o objetivo da atividade é abordar o autoconhecimento e a autoestima, a letra é bastante pertinente nessa temática”, explica Cristina.

Sobre o processo de construção do autorretrato, a estudante Adriana Gomes Mota comentou: “eu desenvolvi a minha obra com materiais que eu tinha em casa e no dia da apresentação, falei sobre o que usei e um pouquinho de mim mesma. Confesso que não é muito fácil falar de nós mesmos, né. Usei materiais que eu gostava como tecido, bobinas, botões e zíper, porque revelava ali que eu era costureira e fui descrevendo as minhas características nela. O zíper na boca da boneca porque eu não sou muito de falar, mas sim de escutar. Os olhos têm a bobina, bem redondinha, e isso revela que eu era uma pessoa muito assustada e preocupada. Revelei que gosto de música, de animais e por aí vai. E que estou muito feliz por estar realizando o sonho de fazer faculdade, pois tenho 47 anos e fiquei 17 anos fora de sala de aula. Fiz o Enem em 2019 pela primeira vez por pura curiosidade e nunca imaginei que seria essa a minha oportunidade de fazer uma graduação. Sempre queria uma universidade pública e entrar no IFCE pra mim foi uma conquista muito grande. Nossa, como eu fiquei feliz”.

Cláudia Monteiro - jornalista da Reitoria, com informações de Karine Ferreira