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Especial Jovens Olímpicos

Olimpíadas do conhecimento ampliam acesso ao ensino superior

Participar em competições científicas tem impulsionado a trajetória acadêmica de estudantes, fortalecendo a preparação para a graduação

Publicada por Andressa Sanches em 11/08/2025 Atualizada em 11 de Agosto de 2025 às 10:07

Além do estímulo à busca pelo conhecimento entre os jovens, as diversas olimpíadas de conhecimento realizadas no Brasil são capazes de impulsionar o rendimento escolar dos alunos do Ensino Médio ao estimular o aprofundamento nas disciplinas, o que facilita o ingresso no ensino superior.

Gleici Evelyn Alves Pires, 18 anos, mal terminou o curso Técnico Integrado em Eletrônica em 2024 e já foi aprovada para Tecnologia em Análise e Desenvolvimento de Sistemas. Os dois cursos são do campus de Canindé do Instituto Federal do Ceará. “Já participei da Olimpíada Brasileira de Robótica (OBR) em 2023 e 2024, trazendo o prêmio de melhor escola pública do Estado em robótica. Também fui para a Feira do Conhecimento em 2023 e 2024, onde ganhamos medalhas, 1º lugar [na categoria] Seguidor de Linha com Obstáculos nos últimos dois anos. Na Semana Nacional de Ciências e Tecnologia ganhamos tanto em Seguidor de Linha Comum como no Seguidor de Linha com Obstáculos e Corrida de Seguidor de Linha com Obstáculos. E em 2023 ganhei menção honrosa na segunda fase da Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas (OBMEP)”, detalha.

Gleici Evelyn (agachada) posa ao lado do professor Igor Lima Rodrigues e equipe, na Olimpíada Brasileira de Robótica 2023
Gleici Evelyn (agachada) posa ao lado do professor Igor Lima Rodrigues e equipe, na Olimpíada Brasileira de Robótica 2023

“Realmente foi uma fase muito marcante na minha vida. No começo, eu era a única menina, o que tornava tudo mais desafiador. Mas tive a sorte de estar cercada por amigos que me incentivaram desde o início. Com o apoio deles, fui ganhando confiança e percebendo que esse espaço também podia ser meu, e nosso, na verdade. Hoje, fico muito feliz em ver que temos uma equipe formada só por meninas. Porque tudo foi fruto de um processo coletivo, cheio de trocas, incentivos e apoio mútuo. Ver outras meninas ocupando esse espaço com segurança mostra que valeu a pena cada esforço.”

Gleici Evelyn Alves Pires

Para os próximos cinco anos, os planos imediatos de Gleici incluem concluir a graduação e se especializar em alguma área tecnológica, “pois criei um carinho muito grande pela área através dessas olimpíadas e participações com a robótica”. Além disso, ela deseja continuar incentivando a presença de meninas e mulheres na ciência e na tecnologia. “Todas essas vivências me trouxeram até aqui, onde estou colocando em prática o que venho aprendendo ao longo dos anos”, reflete. 

De olímpico para olímpico

De abrangência local, regional, nacional ou internacional, as olimpíadas estimulam o surgimento de novos talentos nas diversas áreas do conhecimento, principalmente entre estudantes da rede pública de ensino no Brasil. Além disso, aproximam escolas, instituições de ensino e pesquisa e a comunidade, valorizando o reconhecimento da dimensão institucional da pesquisa e o papel das instituições que promovem ciência e das instituições que a financiam.

Professor Adenilson (em pé no centro) posa ao lado dos alunos do Polo Olímpico de Treinamento Intensivo (POTI), em Sobral
Professor Adenilson (em pé no centro) posa ao lado dos alunos do Polo Olímpico de Treinamento Intensivo (POTI), em Sobral

O professor de Matemática do IFCE, Adenilson Arcanjo de Moura Júnior, ele mesmo um ex-participante e ganhador de medalhas olímpicas, há oito anos treina estudantes no Polo Olímpico de Treinamento Intensivo (POTI), no campus de Sobral. 

“É com grande satisfação que compartilho meu conhecimento e experiência com os alunos e espero que a matemática possa trazer a eles tantas coisas boas quanto trouxe a mim”.

Professor Adenilson Arcanjo

Adenilson ganhou medalha de ouro na Olimpíada Cearense de Matemática em sua primeira participação olímpica, em 2004, quando fazia a então 8ª série. “Foi uma experiência que me marcou muito, cerca de um ano antes eu imaginava que seria impossível ser premiado. Esse acontecimento me mostrou que nos dedicar àquilo que amamos pode nos levar a algo que nem sequer sonhamos. No mesmo ano eu participei da Olimpíada Brasileira de Matemática, a premiação me permitiu viajar de avião pela primeira vez. Em 2005, no 1º ano do ensino médio, participei da olimpíada Rioplatense, que reúne países sul americanos e pela primeira vez pude viajar para fora do país. Na época, a ideia de poder viajar, de conhecer outros alunos interessados em matemática e lugares novos, era um grande estímulo para mim. Fiz amigos que tenho até hoje e guardo ótimas recordações dessas viagens”, relembra.

Adenilson continuou participando de olimpíadas durante o Bacharelado em Matemática da UFC. Ganhou medalha de ouro na Olimpíada Brasileira de Matemática Universitária e representou o país em competições internacionais, incluindo a Olimpíada Internacional de Matemática para Estudantes Universitários, na Bulgária, onde recebeu medalha de bronze em 2010.

Após a graduação, o docente ingressou no mestrado na Universidade de Paris-Saclay, em Paris. “Tenho certeza que apenas boas notas na graduação não seriam suficientes para ingressar na universidade de Paris, uma premiação em olimpíada, possibilita uma comparação direta com alunos de todos o país. Mais uma vez a matemática, em particular a olimpíada, me permitiu ter novas experiências, morar em Paris é algo que sempre recordo com carinho e foi sem dúvida uma das épocas mais interessantes e importantes da minha vida”, explica.

Reportagem: Cláudia Monteiro (agencia@ifce.edu.br)

Revisão de texto: Priscila Luz

Fotos: Acervo Pessoal

Fontes: Zilfran Fontenele (zilfran.fontenele@ifce.edu.br), coordenador geral de Olimpíadas do Conhecimento do IFCE; Adenilson Arcanjo (adenilson.junior@ifce.edu.br), professor do campus Sobral

Palavras-chave:
Agência IFCE Estudantes Olimpíadas

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