O professor Auricélio Ferreira, do IFCE de Tauá, teve um trabalho aprovado no VI Simpósio Mundial da Língua Portuguesa (SIMELP), que ocorre de 24 a 28 de outubro no Instituto Politécnico de Santarém, em Portugal. Intitulado "Identidade fora do eixo: a problemática posta pela literatura marginal e pela pintura não catalogada enquanto formas de reflexão sobre o caráter fragmentário da arte contemporânea", o artigo será apresentado dentro da programação do Simpósio 8, cujo tema é Identidades coletivas: fortalecimento e diluição.

O trabalho foi feito em parceira com a professora Maria Eneida Feitosa, da Universidade Regional do Cariri (URCA), e trata dos casos do escritor pernambucano Marcelino Freire e sua literatura marginal, em específico o livro "Contos Negreiros" (2006), e do pintor paulista não catalogado Luís Karimai, que viveu e atuou no Cariri cearense a partir da década de 70. É defendida a necessidade de compreender a arte que está à margem do circuito artístico. "O artista que não é catalogado passa pelas mesmas agruras que o escritor que não está dentro do circuito, que é marginal. Então a gente discute isso, o que é que implica essa canonização, por parte da academia, da catalogação e do escritor que está dentro do circuito", explica Auricélio.

O SIMELP é constituído por vários simpósios e mesas-redondas. O evento pretende reunir professores, pesquisadores e estudantes de áreas que envolvem a língua portuguesa e deve contar com representantes de todos os continentes. 

II CONEAB
Auricélio também aprovou um trabalho, recentemente, no II Congresso Internacional de Estudos sobre África e Brasil (CONEAB): culturas híbridas, identidades plurais, que acontece de 18 a 21 de setembro em Garanhuns, Pernambuco. "Nego Dito, malandro Black Navalha: a permanência do eu lírico marginal na poética lítero-musical de Itamar Assumpção" é o título da pesquisa, que consiste em um exercício de leitura da obra do cantor e compositor paulista Itamar Assumpção com o objetivo de analisar a presença de um eu lírico marginal.

De acordo com o professor, é discutida a ideia de que nas letras do músico há recursos próprios de quem escreve poesia: "Esses recursos só podem ser identificados quando a gente analisa o efeito que a música acaba gerando, como aliteração e supressões. Há discos dele que equivalem a um livro de poema, porque tem um fio muito coerente juntando aqueles textos e esse fio é uma poética marginalizada, com um eu lírico extremamente insatisfeito com a realidade, que sabe de sua exclusão e da qualidade do seu texto."

Organizado pelo Núcleo de Estudos sobre África e Brasil (NEAB), da Universidade de Pernambuco (UPE), o CONEAB reúne pesquisadores do Brasil e de outros países para debaterem questões inerentes à educação para as relações étnico-raciais. 

Por: Larissa Lima (Tauá)