BIENAL DE ARTES 2025
Pesquisa é destaque na 4ª Bienal de Artes do IFCE
Evento promove encontro interdisciplinar na produção acadêmica em Artes
Publicada por Rebeca Cavalcante em 26/09/2025 ― Atualizada em 26 de Setembro de 2025 às 19:57
Os desafios e as perspectivas da produção acadêmica em Artes foram debatidos na 4ª edição da Bienal de Artes do IFCE – Paulo Abel do Nascimento. A professora Lourdes Macena, do campus de Fortaleza e coordenadora do grupo cênico-musical MiraIra, foi uma das palestrantes e destacou a necessidade de refletir cientificamente sobre a própria prática artística. “O que nós tentamos sensibilizar é que a prática artística em si – no palco, no ambiente da exposição, nas galerias – e o resultado que se apresenta podem ser a razão da escrita do próprio artista. Por que vou esperar que o outro fale sobre mim? Por que não posso consolidar a trajetória do meu caminho percorrido para chegar naquela obra de arte?”, questionou.
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Para a pró-reitora de Pesquisa, Pós-graduação e Inovação do IFCE, Joélia Marques, a Bienal constitui um espaço privilegiado de conexão entre o fazer artístico e outras áreas do conhecimento. “Ainda vivemos em uma sociedade que costuma enquadrar as áreas de conhecimento como se não fossem interligadas. O espaço da Bienal abre possibilidades de apreciar a arte e o fazer artístico, ao mesmo tempo em que traz discussões sobre a arte como pesquisa, ensino e prática de extensão”, afirmou.
Interdisciplinaridade em foco
A 4ª Bienal também destacou projetos que evidenciam o potencial interdisciplinar da pesquisa em Artes. A estudante Larissa Freitas, do curso técnico integrado em Edificações, desenvolveu uma apostila de instalações hidrossanitárias ilustrada em aquarela, com o objetivo de simplificar os textos normativos. “Não encontramos muitas referências fiéis à vida real. A ideia foi juntar a arte da aquarela em uma pintura didática, que permitisse compreender de imediato conteúdos nem sempre claros nas normas descritivas, servindo como apoio a estudantes e trabalhadores da área”, explicou. O trabalho, orientado pela professora Thais Marilane, foi apresentado em comunicação oral.
Outra participante foi a engenheira de alimentos e brincante do grupo MiraIra, Ivna Pedrosa, que uniu sua pesquisa acadêmica à arte. Na Bienal, ela apresentou um estudo sobre bebidas fermentadas utilizadas em rituais indígenas, que inspiram a criação artística do grupo. “A pesquisa aliou o meu conhecimento técnico ao grande amor da minha vida, que é a arte. Há muito a ser explorado nesse campo, em que ciência dos alimentos e arte podem coexistir e andar de mãos dadas”, destacou.
Ivna ressaltou ainda a experiência única de vivenciar múltiplas dimensões no evento. “A Bienal proporciona tudo isso: não apenas conhecimento acadêmico e técnico e o consumo da arte, mas também várias trocas. É uma reunião de artistas, então só pode resultar em felicidade e energia incrível”, completou.
Reportagem: Alissa Carvalho