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BIENAL DE ARTES 2025

O sertão é palco da arte

Bienal busca descentralizar ações de arte e cultura do IFCE

Publicada por Rebeca Cavalcante em 26/09/2025 Atualizada em 26 de Setembro de 2025 às 19:55

Começou nesta quinta-feira (25), em Quixadá, a quarta edição da Bienal de Artes do IFCE - Paulo Abel do Nascimento. A abertura, que lotou o auditório do campus do IFCE no município, contou com a participação do reitor Wally Menezes, da pró-reitora de Extensão Ana Uchoa, da pró-reitora de Pesquisa, Pós-graduação e Inovação, Joélia Marques, entre outros representantes institucionais.

O grande destaque dessa edição é a descentralização das ações de arte e cultura do IFCE e a democratização do acesso à arte, como explicam Aterlane Martins e Joyce Custódio, coordenadores da Bienal. “Compartilho de uma imensa alegria de estar trazendo pela primeira vez a Bienal para o interior, para Quixadá,e de estar oportunizando que a arte e a cultura circulem pelo nosso estado que é tão grande, tão diverso e rico em cultura”, afirmou Joyce.

A ideia é que a Bienal promova um intercâmbio entre os campi e ajude a fortalecer as ações desenvolvidas. O diretor-geral do campus Quixadá, Alexandre Praxedes, explica que a comunidade acadêmica está ansiosa e animada para receber o evento: “É muito enriquecedor receber toda essa comunidade aqui para um troca de experiências e para o aprimoramento das ações que a gente vem desenvolvendo”

A cerimônia de abertura foi palco do anúncio de ações que devem tornar o IFCE uma instituição de referência no reconhecimento de notório saber. Para o Reitor Wally Menezes, a interiorização cada vez maior da arte produzida por estudantes e servidores e a promoção do encontro de saberes tradicionais e científicos são formas de consolidar o papel do instituto na área: “Nessa perspectiva, de fazer pesquisa e de atrair os múltiplos saberes nessa relação, tem essa estratégia de consolidação do IFCE também como um espaço de arte, cultura, ciências humanas, de aproximação a esse universo artístico que é imenso”.

Sertão como palco da arte

A Bienal atraiu estudantes como José Ednardo, aluno da Licenciatura em Geografia do campus Quixadá: “Estou bem animado para assistir as apresentações e me aprofundar na cultura. Saber que é tudo construído pelos alunos é muito significativo pra gente”.

O coral do IFCE abriu as apresentações artísticas da noite com Areal, espetáculo que conta a história do Ceará a partir das músicas de compositores cearenses e nordestinos. Os artistas Inara Lia e Gabriel de Sousa estavam empolgados para apresentar o trabalho construído pelo grupo e também para aproveitar o intercâmbio cultural que a Bienal proporciona: “É uma oportunidade também de assistir outros grupos. Que venham mais bienais, que chamem mais grupos, que lotem os teatros”, comemora Gabriel.

O tradicional Grupo Miraira, do campus Fortaleza, seguiu com trechos do espetáculo “Ritmos de liberdade, passos de soberania”, que traz danças tradicionais, música, poesia e teatro que ressaltam, além da força do Norte e do Nordeste brasileiro, o contexto de lutas da América Latina.

Responsável pela direção geral e a concepção do espetáculo, Lourdes Macena destaca o viés político da obra e da própria trajetória do Miraira: “A formação do grupo sempre foi convivendo com comunidades tradicionais, entendendo bem das demandas desses lugares, desses territórios e tudo o que está implicado. Isso significa que não dá pra fazer arte, falar da poética das danças, sem falar também do que aflige a quem produz aquela dança. Sempre trabalhamos dentro de um recorte muito político de identificação, na busca de colaborar com o discurso e com a luta dessas comunidades. O espetáculo que a gente traz hoje caminha nesse lugar”.

Com músicas como “Bicho de sete cabeças”, de Zé Ramalho, e “Uma brasileira”, de Herbert Vianna, o grupo de flautas transversais do IFCE Fortaleza apresentou o espetáculo Sons Transversais. 

Para o regente do grupo, o professor Marcelo Leite, a Bienal de Artes do IFCE serve também de aprendizado para os estudantes: “Como os músicos se comportam em cima do palco, na viagem, tudo isso faz parte de um aprendizado coletivo do ser humano artista. Não adianta ter uma técnica super apurada e não saber se comportar em cima do palco. Quando a gente sai dos muros da instituição, eles começam a ter outra visão do que é ser artista, que não é só tocar bem”.

Grandes clássicos do samba encerraram a noite de abertura nas cordas dos violões do grupo musical do IFCE Crateús com o espetáculo “Entre Sambas e Choros”.

Reportagem: Alissa Carvalho