Congresso Internacional
Artefatos da Cultura Negra chega à décima sexta edição
O evento no campus de Juazeiro aconteceu de 22 a 24 de setembro
Publicada por Sheyla Lacerda em 24/09/2025 ― Atualizada em 24 de Setembro de 2025 às 11:03

O campus de Juazeiro do Instituto Federal do Ceará (IFCE) participou do XVI Congresso Internacional Artefatos da Cultura Negra, no período de 22 a 24 de setembro. O evento é um espaço de formação política, pedagógica e cultural, que pauta a necessidade de construção de uma educação antirracista que positive a presença negra na história e na cultura brasileira, apontando proposições no campo das políticas públicas para a superação das desigualdades étnico-raciais.
Na mesa de abertura, o criador do Artefatos, professor Henrique Cunha Júnior, saudou a ancestralidade africana e os presentes. “Faltam dois anos para completar os dezoito anos do Artefatos da Cultura Negra. Dezesseis anos é um crescimento difícil, de muita luta, dentro das instituições e na sociedade. Mas estamos começando, ainda é criança virando adulto, espero que tenhamos esse final de adolescência muito produtivo”, afirmou.
A coordenadora geral do evento, professora Cícera Nunes, agradeceu o Instituto Federal por acolher mais uma vez o evento. A representante das comissões de heteroidentificação do IFCE, professora Jarderlany Sousa Nunes, declarou estar emocionada porque ocupar esse espaço é afirmar a luta da população negra para transformar a realidade, garantindo lugares que lhes foram negados. “Eu acessei o serviço público através das cotas, digo isso com orgulho, participar desse momento me faz ver como essas cotas são importantes para nossa população, ela não é privilégio, é uma reparação histórica. As cotas abrem portas”, salientou.
A conferência “Reflexiones miméticas: la literatura afro-latinoamericana y las realidades afro-diaspóricas” foi proferida pelo reitor da Universidade de Rutgers, Dr. Antonio Tills. Na ocasião, ele explicou que durante séculos a história e a cultura de milhões de africanos e seus descendentes nas Américas sofreram uma invisibilização histórica dentro dos escritos oficiais da maioria das nações latino-americanas, resultando na perda de conhecimento das inegáveis contribuições para o desenvolvimento das nações. A apresentação focou na literatura como principal instrumento político empregado pelos escritores latino-americanos de ascendência africana na luta contra a invisibilidade histórica.

A professora Dawn Duke falou sobre a felicidade por estar no Brasil, pois a distância dos Estados Unidos ajuda a observar melhor o que acontece nos dois países. “É um momento de parar, refletir um pouco mais sobre as palavras do professor Tills, a área é literatura, mas tudo que ele diz é importante não só no mundo acadêmico mas também no mundo cultural e como parte do que somos como cultura, como identidade”, disse.
O diretor-geral do IFCE - campus Juazeiro, professor Alex Jussileno, agradeceu a todos e destacou o tema do evento “Movimento Sankofa: reparação e bem-viver”, lembrando que a Sankofa consiste no símbolo do pássaro mítico ou um coração estilizado, que recorda os erros do passado para que eles não sejam cometidos novamente no futuro, representando a volta para adquirir conhecimentos e a sabedoria. “Queremos aqui nos debates aprender cada vez mais para que possamos construir a história como deve ser”, enfatizou.
Saiba mais no site do evento