Pesquisador do IFCE desenvolve soluções para orientar pessoas com deficiência visual
Pesquisa foi aprovada no edital Catalisa ICT, do Sebrae
Publicada em 26/03/2021 ― Atualizada há 4 meses, 3 semanas
Usar a realidade virtual para ajudar pessoas com problemas de perda de visão. Esse é o ponto central da pesquisa intitulada 'Customização de Ambientes Virtuais de Orientação e Mobilidade para Pessoas com Deficiência Visual", do professor Agebson Rocha Façanha, do Instituto Federal do Ceará (IFCE) campus Maracanaú. O trabalho, tese de doutorado do docente junto ao Programa de Mestrado e Doutorado em Ciência da Computação na Universidade Federal do Ceará (UFC), acabou de ser aprovado no Catalisa ICT, programa do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) que tem o objetivo de acelerar o processo de inovação em empresas, governo, academia e sociedade.
A ausência de visão pode gerar dificuldades para o indivíduo discernir a sua localização atual, estabelecer a posição de outras pessoas ou objetos no espaço físico, definir a direção a seguir e alcançar o destino desejado. Nesse contexto, o estudo prevê o uso de um editor web e de um jogo em realidade virtual, ambiente computacional que possibilita aos professores de orientação e mobilidade (OM) customizar mapas indoor para estimular a prática e aprimorar a cognição espacial em pessoas com deficiências visuais (DVs).
"A solução proposta permite aos professores criar diversos mapas para aplicar em suas aulas práticas, favorecendo a autonomia do educador e possibilitando aos alunos DVs explorarem diferentes espaços virtuais", explicou o professor. Confira um vídeo com imagens da geração de ambientes virtuais.
A solução possui diversas vantagens: é multi-idiomas, sendo pioneiro em língua portuguesa; utiliza equipamentos de fácil aquisição e preços acessíveis; funciona sem a necessidade de internet; implementa o conceito de desenho universal e usa áudio sintetizado e 3D para ambientar os usuários e simular a posição de objetos.
No tocante à avaliação, utilizando o System Usability Scale, os professores de OM confeccionaram vários mapas e consideraram o editor com uma boa usabilidade (76,8%). O jogo em realidade virtual foi avaliado como excelente (81,2%) pelos usuários com deficiência visual, os quais finalizaram todas as fases. A avaliação de impacto realizada, durante um mês, com uma professora de OM e sua turma de 10 alunos DVs apresentou evolução satisfatória das habilidades avaliadas, obtendo um impacto positivo médio de 29,5%.
Soluções tiveram bons resultados nos testes realizados
"Como coordenador de um Núcleo de Tecnologia Assistiva vinculado a ICT, tive a oportunidade de registrar 5 softwares e desenvolver mais 3 sem registro. É perceptível o potencial das soluções de tecnologias sociais desenvolvidas, algumas inclusive com prêmio nacional e internacional, contudo sem o impulso final para chegar ao mercado. E, consequentemente, não está acessível para os usuários finais. Neste contexto de isolamento social, a proposta apresentada na pesquisa foi inserida como atividade complementar para os alunos DVs realizarem atividades práticas de OM, sendo unânime o desejo dos alunos continuarem jogando e da professora ter o empoderamento de fazer uso das ferramentas para as aulas", destacou Agebson Façanha.
Ambientes virtuais pensados para ajudar na orientação e mobilidade
Atualmente, o professor Agebson encontra-se em capacitação junto ao programa do Sebrae para que possa dar novos horizontes à sua pesquisa, contando com a mentoria de profissionais do mercado. As próximas fases do Catalisa ICT preveem também capacitações online com planos de inovação e aproximação dos pesquisadores com investidores para acesso a capital empreendedor, entre outras frentes de ação.
NOTA: A pesquisa "Um Sistema Inteligente de Apoio à Sala de Aula Invertida", do professor Nécio de Lima Veras, do IFCE Tianguá, também foi aprovada no edital Catalisa ICT, do Sebrae.
Dowglas Lima - Comunicação Social - Reitoria