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GEORREFERENCIAMENTO

Ecomapss ajuda a levar acessibilidade para trilhas da região do Cariri

Iniciativa segue expansão em 2025

Publicada por Andressa Costa em 27/03/2025 Atualizada há 5 dias, 10 horas

Centro Cultural do Cariri 2

O Ecomapss, aplicativo de georreferenciamento desenvolvido pelo campus de Crato do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará (IFCE), segue em expansão em 2025. Ao longo do ano, a iniciativa deve ser implantada em quatro unidades de conservação no Ceará e em Pernambuco. Com a expansão, chegará a 21 o número de locais que contam com os recursos do projeto.

Criado em 2017, o Ecomapss mapeia fauna, flora e outros pontos de interesse dos lugares onde está disponível. A equipe do projeto, formada pelos professores Brisa Cabral, Gauberto Barros e João Alberto Abreu, instala placas de identificação com nome científico e nome popular das espécies e um QR code que, ao ser lido pelo aplicativo, apresenta informações e curiosidades sobre o ponto mapeado. A geolocalização também permite que os usuários se guiem ao longo da trilha.

ACESSIBILIDADE

O projeto surgiu como uma forma de trabalhar educação ambiental com estudantes, mas hoje a palavra inclusão se tornou um conceito-chave para a equipe. Assim, o Ecomapss ajuda a levar acessibilidade para trilhas do Cariri cearense. Em 2024, o app foi instalado em percursos sensoriais na trilha do Belmonte e no Centro Cultural do Cariri, no município do Crato, e no Complexo Ambiental Mirante do Caldas, em Barbalha.

Além de recursos como adaptação para a leitura de tela dos smartphones e tradução em libras, esses percursos são adaptados para pessoas que usam cadeira de rodas. A equipe do projeto também instalou linhas-guia com guizos para indicar o percurso das trilhas e a localização das placas, que contam com informações em braile. Na trilha do Belmonte, a implantação foi realizada em parceria com o ICMBio Araripe. No CCCariri, com o Instituto Mirante, responsável pela gestão do centro. Já no Caldas, a parceria foi com o Instituto Dragão do Mar.

Isso é levar conhecimento e dar uma pulsada no amor pela nossa região, pela nossa fauna e pela nossa flora. É fazer da tecnologia nosso instrumento de melhoria da nossa sociedade e do nosso bem-viver.

professora Brisa Cabral, uma das coordenadoras do Ecomapss.

A gestora executiva do Complexo Ambiental Mirante do Caldas, Charmene Rocha, destaca a importância do investimento público em ações de inclusão. Para ela, as estratégias de acessibilidade utilizadas pelo projeto ajudam a disseminar o conhecimento sobre a floresta: "Realmente é um trabalho social, com inclusão das pessoas, acessibilidade e oportunidade de conhecimento, porque o conhecimento é para todas as pessoas. As instituições públicas têm que abraçar essas causas".

O sentimento é compartilhado pelo gestor do ICMBio Araripe, Carlos Augusto Alencar. Para ele, o projeto ajuda a ampliar o acesso do público à Floresta Nacional do Araripe: “O Ecomapss traz a bagagem tecnológica e de conhecimento, e assim a gente consegue criar de fato um ambiente inclusivo para pessoas cegas, pessoas com mobilidade reduzida e aos idosos. Isso faz com que a natureza fique mais próxima das pessoas”.

Ele permite que a pessoa cega tenha acesso à fauna e à flora da sua região, que é algo visível. Por exemplo, eu tenho que tocar na planta para saber a textura dela. Juntar todas essas informações e fazer com que todo esse conhecimento chegue às pessoas com deficiência visual é importante.

Germano Silva, estudante cego, sobre aa importância do projeto para a inclusão de pessoas com deficiência

Consultor do Ecomapss, Germano é responsável pela escrita em Braille das placas de identificação e ajuda a validar cada percurso acessível: "Eu chego contribuindo com muitas percepções e com a minha experiência de vida. Ter a presença de uma pessoa com deficiência visual no projeto é essencial para que ele consiga alcançar as metas".

Aplicativo ajuda a levar acessibilidade a trilhas

Criado em 2017, o Ecomapss mapeia fauna, flora e outros pontos de interesse dos lugares onde está disponível.

TECNOLOGIA

Nos locais em que o projeto foi implantado a partir de 2024, as informações podem ser acessadas com o recurso NFC (Near Field Communication, ou Comunicação por Campo de Proximidade, em Português), uma tecnologia de comunicação sem fio que permite a troca de dados entre dispositivos próximos. Para isso, o usuário deve ter o recurso ativado no próprio celular. Essa é a mesma tecnologia utilizada para pagamentos por aproximação, por exemplo. Com a leitura do QRcode, o usuário também pode ter acesso às informações das placas de identificação sem precisar baixar o aplicativo, mas quem deseja ter a experiência completa pode baixar o aplicativo para Android na Appstore.

O crescimento do Ecomapss anima a equipe do projeto, que sempre está em busca de novas parcerias. "A gente conseguiu ter um número bem significativo de unidades e localidades de conservação, como o Parque Nacional de Jericoacoara e o Mirante do Caldas. O nível de crescimento está bem significativo, assim como a busca por novos espaços para implantação do projeto", destaca o professor João Abreu.

Onde o Ecomapss está presente

À frente do desenvolvimento do app desde a sua criação, em 2017, Abreu conta que cada avanço do projeto é um incentivo para crescer ainda mais: “O que nos motiva é entender que cada implantação do Ecomapss é um caminho aberto para a inclusão e a educação ambiental. E isso nos faz felizes”.

COMO USAR O APLICATIVO

  1. O aplicativo Ecomapss está disponível para Android na App Store, mas o download é opcional.
  2. As placas de identificação do projeto contam com informações sobre o ponto mapeado em braile e sonorização de libras, além do QRcode.
  3. Para usar o app, basta apontar a câmera do celular para o QRcode disponível nas placas. Quem tem celular com o recurso NFC precisa apenas aproximar o aparelho das placas. Esse recurso pode ser usado por visitantes da Trilha do Belmonte, do Mirante do Caldas e do Centro Cultural do Cariri.
  4. Assim, o usuário tem acesso a informações como nome científico, nome popular, usos e curiosidades sobre cada ponto mapeado.
  5. Com o app no celular, o usuário também pode usar o georreferenciamento para se guiar nas trilhas.


Reportagem: Alissa Carvalho - campus Crato (agencia@ifce.edu.br)

Fontes: Professora Brisa Cabral (brisa.cabral@ifce.edu.br), professor Gauberto Barros (gauberto@ifce.edu.br) e professor João Alberto Abreu (joaoalberto@ifce.edu.br)

Palavras-chave:
Crato Extensão Pesquisa Inclusão Acessibilidade

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