Pesquisa
Geotátil: Projeto elabora mapas táteis como recursos inclusivos para pessoas com deficiência visual
Diversos mapas foram produzidos e validados por estudantes e servidores com deficiência visual do próprio IFCE Iguatu
Publicada por Amanda Alboino em 20/05/2025 ― Atualizada em 20 de Maio de 2025 às 08:48

Na ponta dos dedos, mãos percorrem o relevo do Ceará. Cada linha e textura ensina sobre o curso de um rio, posição das cidades e diferenças entre sertão e litoral. É assim que estudantes com deficiência visual começam a compreender o espaço geográfico onde vivem: através do tato.
No IFCE campus Iguatu, o projeto Geotátil: Geografia Tátil do Ceará está desenvolvendo uma metodologia para padronizar a criação de mapas acessíveis para pessoas cegas e com baixa visão. A proposta é resolver uma lacuna importante no ensino de Geografia: a ausência de materiais adaptados que permitam a esses estudantes compreender fenômenos geográficos na escala estadual, a exemplo de cidade, população, relevo e clima.
A iniciativa foi do professor Dr. Francisco Nataniel Batista de Albuquerque, do curso de Geografia do IFCE e dos programas de pós-graduação em Geografia da UVA e da URCA. Participam também deste projeto as estudantes Raile Mota de Moura, bolsista do CNPq, e Maria Eduarda do Nascimento Guedes. Todos integram o Núcleo de Estudos e Pesquisas em Geoeducação e Ensino de Geografia (NEGGEO), com parceria do NAPNE Iguatu e apoio do CNPq.
A produção dos mapas táteis acontece no Laboratório de Ensino de Geografia (LEGeo). Os materiais seguem critérios específicos de tamanho (50x50 cm), resistência, segurança e legibilidade tátil. Além dos mapas, o projeto desenvolve materiais didáticos com audiodescrição e textos explicativos, reforçando o processo de letramento cartográfico e a construção do pensamento espacial.
Resultados
O projeto avança em etapas. A próxima envolverá a comunidade externa, por meio de ações junto a secretarias municipais e entidades que atuam com inclusão de pessoas com deficiência visual. A meta é testar os materiais em diferentes contextos e expandir o acesso. O projeto, iniciado em setembro de 2024, tem previsão de seguir até o fim de 2025, quando os resultados serão publicados em artigo científico.
Mesmo em andamento, os resultados já aparecem: diversos mapas foram produzidos e validados por estudantes e servidores com deficiência visual do próprio IFCE Iguatu. A metodologia está sendo aplicada em dois Trabalhos de Conclusão de Curso: um sobre o estado do Ceará e outro sobre o Nordeste. Para a comunidade acadêmica, o projeto representa um avanço na ampliação de acesso ao conhecimento e produção científica de grande contribuição social.
