O cansaço e a ansiedade eram visíveis. Em poucos minutos os times finalistas apresentariam as soluções desenvolvidas durante os três dias de imersão no bootcamp. Das 24 equipes que se inscreveram para o Space Apps, somente oito chegaram àquela etapa da competição, que em Fortaleza aconteceu na Reitoria do IFCE no último domingo (21).

Não era uma competição qualquer. O Space Apps é uma maratona de programação promovida pela NASA para desenvolver soluções científicas e tecnológicas de impacto mundial a partir de dados fornecidos pela agência espacial norte-americana. É considerado o maior hackathon do mundo, realizado simultaneamente em 187 cidades.

O IFCE conquistou o primeiro lugar na etapa de Fortaleza, com um projeto que busca tornar acessível ao público cego os dados e as imagens da NASA sobre o espaço. De acordo com o estudante Fábio Araújo, a ideia é adaptar tecnologia de leitores de tela para simular sensações de relevo, facilitando o acesso dos cegos às informações e despertando maior interesse sobre o tema da Astronomia.

O segundo lugar foi conquistado pela equipe da Escola Estadual de Educação Profissional Leonel de Moura Brizola. Segundo Guilherme Queiroz, líder do time, foi desenvolvido um notificador de incêndio com três sensores que detectam os níveis de umidade, a temperatura e a concentração de dióxido de carbono no ar. O objetivo é identificar os princípios de incêndios em florestas, orientando a comunidade local por meio do envio de alertas para os telefones celulares, com dados sobre o grau do incêndio e sua localização.

Os projetos foram avaliados por um júri formado por professores, pesquisadores e pela consulesa norte-americana, Jessica Wolf-Hudson, que veio de Recife especialmente para a competição. “Este é um grande programa para jovens de todo o planeta. Aqui em Fortaleza tivemos a contribuição de um grupo de estudantes surpreendentes, talentosos e vanguardistas. E é uma oportunidade de ver o que estes alunos têm a oferecer à inovação”, destacou a consulesa.

Os dois trabalhos selecionados localmente passarão por uma nova mentoria e pela gravação de apresentações de vídeo em inglês para a etapa regional do Space Apps. De acordo com Camilo Castro, organizador local da competição, a qualidade dos trabalhos finalistas surpreendeu, e a expectativa é que se possa ter um time cearense classificado na próxima fase.

“É importante para nós estarmos envolvidos nesse processo, incentivar os alunos e mostrar a eles que resultados básicos podem ter uma solução muito grande para o mundo. Nós podemos fazer soluções simples que possam ser aplicáveis tanto no Brasil, como na África, nos Estados Unidos ou na Europa”, destaca o diretor de Extensão do campus de Fortaleza, Edson Almeida.

Enzo Portela é aluno do curso técnico integrado em Mecânica do campus de Fortaleza. Com apenas 15 anos, foi um dos oito finalistas do Space Apps em Fortaleza. O time dele também apresentou um protótipo para prevenção de incêndios em áreas florestais. “Achamos muito desafiador. Já é uma vitória estar aqui participando no meio dos engenheiros”, destacou.

O sentimento de realização e o crescimento durante a competição são vivências também compartilhadas pelo estudante Espedito Roza, do curso de Sistemas e Mídias Digitais da Universidade Federal do Ceará. Ele reuniu os amigos de curso para participar da maratona. “Nunca tinha participado de um hackathon. Foi incrível”, ressalta.