O campus de Fortaleza do IFCE tem razões de sobra para se orgulhar dos resultados de suas pesquisas. Nesse tocante, merece destaque a peça de autoria do professor Fernando Lira, montada com o objetivo de alcançar o público de crianças deficientes visuais.

O projeto Miralu, que existe desde 2010 como uma iniciativa do ator Klistenes Braga, apresentou recentemente o espetáculo “Miralu e a luneta encantada”, adaptado com o recurso da audiodescrição, modalidade de tradução intersemiótica, desenvolvida para atender, prioritariamente, as necessidades da pessoa com deficiência visual, de forma que esse público receba a informação contida na imagem por meio da audição.

As 250 crianças deficientes visuais que assistiram à peça puderam ouvir detalhes de cenário, figurino, personagens, entre tantas outras coisas, por meio de fones de ouvido.Na montagem, Miralu, menina diferente das outras, certo dia, desejou não ser mais diferente e quis enxergar.
“A montagem contemplou ainda estímulos olfativos, além de cores contrastantes, com o propósito de ampliar a percepção do espetáculo pelos pequenos espectadores com baixa visão”, explica Klistenes sobre o processo de criação do espetáculo, de cuja apresentação participaram Aldrey Rocha e Solange Teixeira, ex-alunos da Licenciatura em Teatro do IFCE.

Para o professor Fernando Lira, não existe prazer maior que ter sua peça montada. “E eu costumo sempre dizer que, quando ela é montada, a visão das pessoas é mais interessante do que a minha própria visão. O Klistenes trouxe coisas que vão reforçar isso. Pensar a minha peça nessa perspectiva que eles trouxeram faz a gente perceber que a obra de arte é polissêmica, tem vários significados”, explica o diretor.