IFCE desenvolve maca de isolamento para Bombeiros
Equipe da Indústria, Mecatrônica, Telemática e Química desenvolve protótipo
Publicada em 17/06/2020 ― Atualizada há 1 semana, 1 dia
Professores, alunos e ex-alunos do IFCE das áreas da Indústria, Mecatrônica, Telemática e Química do IFCE de Fortaleza estão envolvidos em mais um projeto para o Corpo de Bombeiros do Ceará. Nesta oportunidade, trata-se do protótipo de uma maca de isolamento que permite transportar pacientes contaminados pela Covid-19 com menos riscos para os profissionais no atendimento em situações deste tipo. O equipamento apresenta diferenciais, a exemplo de: invólucro hermético para isolamento do paciente, exaustores aperfeiçoados e sistema de filtração que permitirá a segurança dos envolvidos e a boa qualidade do ar atmosférico no ambiente confinado.
O desenho da estrutura e das peças foi executado mediante estudos e avaliações de macas já existentes, nacionais e internacionais, utilizadas no transporte de pacientes que necessitam de isolamento. Segundo o professor da área da Indústria, Marcos Lemos, além de observadas as características funcionais dos equipamentos disponíveis no mercado, “levaram-se em conta o conhecimento e a experiência dos profissionais bombeiros, bem como a viabilidade de execução das peças e componentes”. No projeto, foram feitas as projeções originais, as perspectivas isométricas, com o objetivo de fabricar, montar e simular o funcionamento das peças, componentes e o conjunto como um todo.
Sob a orientação do docente, o aluno Richard Barroso, do curso Engenharia de Mecatrônica, e Márcio Monte, ex-aluno do mesmo curso, desenharam o protótipo. O discente concebeu peças helicoidais para fixação dos exaustores e do sistema de filtro, que serão impressas em 3D. O egresso, hoje desenvolvedor de software, contribuiu com o esboço inicial do projeto aplicando conhecimentos em projetos mecânicos e modelagem tridimensional.
Sistema embarcado
O técnico de Operações da Petrobrás Almeida Diniz, aluno da Engenharia de Telecomunicações e egresso dos cursos de Eletrotécnica (1984) e Telemática (2004), é responsável pela concepção do controle eletrônico do equipamento, que tem como função succionar ar, injetá-lo na câmara hermética e descartá-lo na atmosfera em condição segura. Na captação e descarte do ar, o sistema de filtros se encarrega da retenção de poeira e bioaerossóis. Ele explica que é um sistema em que um Arduino controla os motores dos exaustores e a carga das baterias de 12 volts. “Estamos usando baterias de 12 volts para dar autonomia à maca durante a sua locomoção pelos profissionais da saúde. O sistema conta com monitoramento da carga das baterias, alarmando quando chegar a níveis críticos”, detalha.
O sistema de filtragem e desinfecção dupla também é um diferencial do protótipo. É preciso oferecer ao paciente ar atmosférico praticamente isento de partículas e bioaerossóis microbianos. O professor da área de Química e diretor de Pesquisa, Pós-Graduação e Inovação do IFCE de Fortaleza, Rinaldo Araújo, adianta que o conjunto de filtros usados precisa e pode ser recuperado. “Temos que estudar a eficácia e a adequação para o paciente do uso de desinfectantes, como hipoclorito, peróxido de hidrogênio (H2O2), radiação ultravioleta (UV) ou o próprio álcool a 70%. Inicialmente, acrescenta, produzimos H2O2 0.5% para desinfecção superficial de equipamentos já utilizados pelos Bombeiros, incluindo a própria maca.
O tenente-coronel Albert Arruda, comandante do Batalhão de Busca e Salvamento do Corpo de Bombeiros do Ceará e ex-aluno do curso de Mecânica do IFCE de Fortaleza, comenta que o novo modelo estará mais adequado às necessidades da corporação. “Ajudaremos também ao longo do processo de testagem da maca”. Ele ressalta que a maca utilizada pelo CB tem valor aproximado de 14 mil reais, enquanto o protótipo do IFCE ficará em torno de 8 mil reais. “Em linha de produção, o preço deve cair ainda mais”, prospecta. O Samu deverá testar o protótipo da nova maca de isolamento.
Também participam dos estudos para o protótipo da maca de isolamento outros alunos da área de Mecatrônica, que testam modelagem de peças que podem ser fabricadas em 3D. Esse trabalho está sob supervisão do professor Wally Menezes, pró-reitor de Pesquisa e Inovação do IFCE, coordenador das ações dos voluntários da Instituição do grupo Bora Fazer.
O diretor-geral do campus de Fortaleza do IFCE, professor Eduardo Bastos, comemora esta nova contribuição institucional ao combate à pandemia e a parceria com o Corpo de Bombeiros do Ceará. Ele lembra que o Instituto Federal do Ceará já doou álcool em gel 70% e entregou caixas de desinfecção UVC para EPIs da corporação.
Márlen Danúsia - campus de Fortaleza