NEABI realiza I Fórum dos Povos Indígenas dos Inhamuns
Evento aconteceu no dia 10 de maio, no IFCE de Boa Viagem
Publicada em 12/05/2023 ― Atualizada há 1 mês, 2 semanas

O Núcleo de Estudos Afro-brasileiros e Indígenas (NEABI) do IFCE de Boa Viagem realizou, no dia 10 de maio, o I Fórum dos Povos Indígenas dos Inhamuns. O evento reuniu representantes de 4 etnias da região (Potiguara, Tabajara, Gavião e Tubiba-Tapuia) e a comunidade acadêmica para debater a oficialização da língua tupi-nheengatu. Integrantes do NEABI de Tauá também estiveram presentes no encontro.
A programação teve início pela manhã, com o Toré Sagrado, ritual indígena característico dos povos do Nordeste em que os participantes dançam e cantam para entrar em contato com a espiritualidade. Em seguida, no auditório do campus, foi promovida uma mesa-redonda com representações do Movimento Potigatapuia, que reúne 28 aldeias e 930 famílias do município de Monsenhor Tabosa, e a professora Gabriela Ismerim, do IFCE de Tauá.
O momento foi oportuno para o diálogo sobre a cooficialização do tupi-nheengatu em Monsenhor Tabosa, determinada em 3 de maio de 2021, em uma iniciativa inédita no Nordeste. Foram abordados o processo de aprendizagem da língua na escola indígena Povo Caceteiro, da aldeia Mundo Novo, assim como questões acerca de demarcação de terras, preconceitos e preservação da cultura e da memória.
Para Teka Potiguara, diretora da escola Povo Caceteiro e uma das mobilizadoras do Movimento Potigatapuia, a importância da cooficialização do tupi-nheengatu está na possibilidade de transmiti-lo às futuras gerações. Ela conta que a língua já era falada, mas faltava a formalização. "É muito importante saber que fomos o ponto de partida referente a essa língua tão discriminada no Brasil", afirmou, ressaltando a expectativa de expandir a ação em todo o Ceará.
Estreitando laços entre instituição e comunidade
O fórum teve continuidade durante a tarde, com a realização de oficinas de plantas medicinais da caatinga, língua tupi-nheengatu e construção de bijuterias, todas ministradas por indígenas da região. A coordenadora do NEABI de Boa Viagem, Glaudia Catunda, relatou que o evento foi bastante aguardado desde o início das atividades do núcleo e que se deu a partir do desenvolvimento de projetos relacionados a questões étino-raciais e trabalhos com os povos indígenas do município. Ao fim do encontro, avaliou que "foi muito proveitoso e movimentado, com uma participação muito boa das pessoas da comunidade".
Na visão da coordenadora do NEABI de Tauá, Margarida Xavier, o fórum foi marcado pela organização e pluralidade. "Não vimos só um povo se pronunciando a respeito da sua cultura, mas um coletivo. Foi um evento que possibilitou um intercâmbio do instituto com esses povos, o que é muito importante para estreitar os laços", destacou. A servidora manifestou, ainda, o desejo de levar a iniciativa para Tauá: "Nós esperamos replicar esse evento no campus e também pretendemos fazer visitas às aldeias desses povos do sertão dos Inhamuns".
Larissa Lima - Campus Tauá