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Pesquisadores do IFCE Jaguaribe publicam artigos em congressos da SBC

Eventos da Sociedade Brasileira de Computação reúnem trabalhos de pesquisadores de diferentes regiões do país

Publicada em 31/10/2017 Atualizada há 1 mês, 2 semanas

Estudos de três pesquisadores recém-formados no curso de Redes de Computadores do Instituto Federal do Ceará campus Jaguaribe estão tendo desdobramentos no ambiente acadêmico nacional da área, através da publicação científica em anais de congressos. Adriano de Oliveira Maia, Massaro Victor Pinheiro Alves e Rangel Henrique Félix tiveram artigos recentemente aceitos e que estão sendo apresentados em três grandes eventos da mais importante instituição que reúne pesquisares em Computação no Brasil, a SBC, Sociedade Brasileira de Computação.

Os eventos acontecem nestes meses de outubro e novembro. O Simpósio Brasileiro de Sistemas Multimídia e Web, o Webmedia 2017 (link); o Congresso Brasileiro de Informática na Educação (link), CBIE XXVIII WIE – Trilha 3; e o Encontro Unificado de Computação (link), ENUCOMP 2017. As pesquisas têm a peculiaridade de reunir potencial de aplicabilidade nas áreas de Segurança de Redes, Tecnologia da Informação, Sistemas Multimídia e Informática na Educação.

Trajetórias que convergem

São trajetórias conjuntas que se unem no curso de Tecnologia em Redes de Computadores do IFCE Jaguaribe. Seja como alunos sempre participativos, diretores do centro Acadêmico Alan Turing, realizando como facilitadores cursos e minicursos em eventos na cidade, fazendo viagens de pesquisa e extensão ou se destacando nos eventos culturais e artísticos, Adriano, Massaro e Rangel compartilham a característica de apostar em áreas diversas simultaneamente. Os três terminaram recentemente a graduação integrados à história do IFCE e já adiantam que estão se preparando para ingresso em estudos de pós-graduação stricto sensu, seja no âmbito de um mestrado acadêmico ou profissional.

O trio formou um grupo de estudos no aplicativo Whatsapp, em que discutem os próximos passos que serão dados nos rumos acadêmico e profissional. Atualizar o Currículo Lattes, fazer leituras, escrever artigos, preparar para as provas e mesmo não perder tempo e estudar para concursos. Esta é a rotina que seguem em maior ou menor medida, dependendo do sonho de médio prazo, aliando o dia-a-dia como profissionais de TI em Jaguaribe aos anseios de não parar os estudos.

Unindo Adriano, Massaro e Rangel, a certeza que o IFCE acredita na presença de gente comprometida com a vida acadêmica nos rumos além dos muros da instituição, contribuindo em levar o nome do IFCE Jaguaribe e do município para além do espaço físico de suas instalações, com estudos em pesquisas, como você acompanhará nos perfis a seguir, com base nos artigos científicos fruto de seus Trabalhos de Conclusão de Curso (TCCs). Conhecer um pouco mais de suas histórias é compreender que na rotina acadêmica, na participação nas atividades de ensino, pesquisa, extensão, abraçando a vida universitária como anos importantes da vida, cada um constrói sua trajetória pessoal e coletiva.

Prevenção “subjetiva” de ataques

Rangel Henrique Félix submeteu à ENUCOMP 2017 o artigo intitulado Análise da Segurança de Rede em uma Ambiente Acadêmico: Uma Abordagem Utilizando Pentest, trabalho voltado para segurança de Sistemas em Redes, fruto de artigo escrito sob a orientação da professora do IFCE Edilene Santiago. “O Pentest (teste de intrusão) é uma das metodologias mais utilizadas na atualidade, para observar através de simulação se a segurança do sistema não está comprometida pela possibilidade de uma invasão.”, explica Rangel.

A metodologia é bastante curiosa, por ter como parâmetro a previsão de como age a reflexão da mente de um ataque hacker/cracker, através de uma diversidade de passos de testes de segurança. Uma espécie de “prevenção subjetiva” de ataques, uma previsão possível dos passos da mente do programador com potencial de atacar o sistema/rede. “É um artigo como Trabalho de Conclusão de Curso (TCC). Eu verifiquei algumas vulnerabilidades no ambiente acadêmico e avaliei em que medida existia esse potencial de invasão da rede/sistema”, descreve Rangel. Segundo ele, o estudo pode ser utilizado nos setores industriais, comerciais e públicos como modelo de aplicabilidade para segurança informacional. “Tanto na área de serviços públicos, como na indústria, como no comércio, e sobretudo na academia, o estudo pode ser lida como auxilio para compreensão do Pentest.”, observa.

Natural de Icó, cidade do vale do Jaguaribe, Rangel Félix teve sua trajetória acadêmica toda vivida no IFCE. “O IFCE para mim é uma casa, onde eu tenho dois cursos técnicos, em Eletrotécnica e em Informática, ambos no campo Cedro, e onde também iniciei Engenharia Mecatrônica”, relembra. Posteriormente, assumindo a equipe de TI do CREDE 11 em Jaguaribe, Rangel Félix ingressou no curso de Tecnologia em Redes de Computadores, onde colou grau no último semestre. “Surgiu uma seleção para trabalhar em Jaguaribe, onde também passei na seleção de Redes. Hoje sou da CREDE 11. Nesse caminho, o IFCE Jaguaribe foi mais que uma escola, foi onde cultivei amigos e continuo a escrever minha história”, ressalta Rangel.

Uso de novo protocolo para controle de robôs

Adriano de Oliveira Maia teve aprovado no Simpósio Brasileiro de Sistemas Multimídia e Web - Webmedia 2017, o artigo Proposta do Uso do Protocolo Websocket para controle de dispotivos via web, traduzido para o inglês como Proposal to Use of the Websocket Protocol for Web Device Control. O “paper” é resultado de seu Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) orientado no IFCE Jaguaribe pelo professor Danilo Avilar Silva, atualmente coordenador do Curso de Tecnologia em Redes de Computadores do campus.

Adriano foi bolsista do CNPq ao longo da vida acadêmica, onde desenvolveu pesquisas relacionados às redes, programação e robótica, através de estudos e experimentos sobre controle autônomo de veículos. “É o desdobramento de um estudo que começou no Cedro, com uma equipe em parceria com a hoje NXP Russa, que já desenvolvia microcontroladores.”, conta o pesquisador. “A empresa fornecia o kit com o protótipo, entrava em contato com as faculdades, na busca de pesquisadores, capital humano capaz de desenvolver pesquisas na área. Um protótipo pequeno, que tem potencial de ser usado em carros grandes, com a melhor programação.”, descreve.

No TCC, Adriano juntou os estudos de robótica com redes, unindo o veículo autônomo (um veículo robótico) com conexão via web, numa inovação com uso de protocolo Websocket. “Quero poder usar essa ideia pra realizar meu mestrado. Como vou controlar o veículo em tempo real através da web? Para isso, na busca de uso de um protocolo novo que gaste menos tempo de resposta, descobrimos isso possível através do Websocket. Eu tive uma ideia de usar o protocolo, que já existe, e fizemos o teste no veículo, comprovando que ele é mais veloz que o protocolo em http e outras derivações.”, explica Adriano Maia.

Referência em Software Livre de Design Gráfico

A trajetória de Adriano Maia no IFCE Jaguaribe é de concentração nos estudos, esforços pessoais e superação. Quem sempre o viu pelos corredores do IFCE Jaguaribe, enxergava nele quase um “guerreiro oriental sertanejo”, sempre bastante concentrado nos trabalhos, estudos e reflexões sobre Tecnologia da Informação, desenhando logomarcas/logotipos/marcas e fazendo peças de divulgação de eventos ou mesmo os organizando. Sempre atento aos acontecimentos de pesquisa e extensão do IFCE, o jovem de 28 anos se tornou um dos maiores entusiastas de uso de Software Livre de Design Gráfico no Brasil (Gimp e Inkscape).

Hoje trabalhando como Supervisor de Tecnologia da Informação do censo agropecuário do IBGE 2017, Adriano lembra parte da trajetória. “Eu sou filho de dois agricultores, meu pai e minha mãe não são nem alfabetizados. Hoje ainda moro em Jaguaribara, mas sou de Alto Santo. Eu sempre tive a ideia aproveitar ao máximo a faculdade, participei ao máximo dos muitos eventos que pude. Na minha mente quem está na faculdade tem que se dedicar ao máximo.”, defende Adriano Maia.

Adriano iniciou no campus de Tabuleiro do Norte do IFCE, o curso técnico Petróleo e Gás. “Logo depois, quando fiz o ENEM, me interessei por Jaguaribe e decidi que o curso de Redes de Computadores seria ideal para meus anseios. Antes de ingressar no IFCE, já era designer autônomo. Nos colégios e pequenas empresas que prestava serviços, sempre usei o Software Livre, um de bitmap (Gimp) e outro em vetor (Inkscape). Quando entrei na faculdade, logo criamos a marca do curso de Redes de Computadores.”, relembra.

O Tecnólogo em Redes de Computadores já foi convidado a participar como palestrantes em importantes eventos nacionais, como o Festival Latinoamericano de Software Livre, que foi realizado no Ceará. “A partir da palestra fui convidado para dar oficinas de Inkscape. Dei uma palestra pro Fórum Internacional de Software Livre, um dos maiores do mundo, que foi realizado no Rio Grande do Sul, região de onde saiu um debate importante das discussões do Marco Civil da Internet.”

Adriano Maia lembra costuma dizer que o importante não é “a ferramenta”, mas “quem usa” a ferramenta. “Eu acho que usar software livre é a iniciativa de cada um, a gente não pode se prender, até por questões de segurança, mais aos softwares livres do que aos softwares proprietários. Além da segurança, a gente deve não ter medo e saber que tem capacidade de aprender, que não é ‘bicho de sete cabeças’. O Software Livre não é um concorrente, até porque não é comercializável, é uma opção. Para inclusão digital, o Software Livre ajuda muito. É uma área que devo continuar também a atuar, estudar e pesquisar”, conta Adriano Maia.

Ensino de Infraestrutura Críticas

Massaro Victor Pinheiro Alves teve o artigo Infraestruturas Críticas no Processo de Graduação em Instituições Federais de Ensino Superior do Ceará aceito no Principal congresso de Informática na Educação do Brasil: o Congresso Brasileiro de Informática na Educação, CBIE XXVIII WIE – Trilha 3. O artigo é fruto de pesquisa desenvolvida como Trabalho de Conclusão de Curso sob orientação do pelo professor do IFCE Bruno Correia da Silva.

O artigo analisa os Projetos Pedagógicos dos Cursos (PPC) de cursos da Universidade Federal do Ceará e do Instituto Federal do Ceará, com a pretensão de verificar se as instituições tratam o tema Infraestruturas Críticas (IC) durante a graduação. “O método de coleta do material se operacionalizou através de consulta aos sites das instituições, com o processo de análise baseado em descritores fundamentados no Guia Nacional para a Segurança das IC.”, descreve o resumo do artigo. “O que foi que a gente percebeu?”, defende Massaro. “Na leitura da bibliografia, a gente viu profissionais que estudavam Infraestruturas Criticas A pergunta é se no IFCE e na UFC havia esse conceito de Infraestrutura Critica nos projetos pedagógicos.”

Para Massaro, para complementar na formação de tecnólogos seriam importantes conteúdos que abordassem o assunto em disciplinas de segurança, como uma instrução com formação de infraestrutura em software, ou fosse de ordem mecânica, eletrônica, de hardware etc. “O setor elétrico brasileiro também se guia por metodologia que de alguma maneira abordam as Infraestruturas Criticas para se salvaguardar de panes. A gente constatou que ele pode ser utilizado em instituições públicas e privadas, em diversas situações de cibersegurança, partindo de dentro da universidade da adoção de um componente curricular que inserisse as Infraestruturas Críticas no ambiente acadêmico”. Para Massaro, o conceito poderia ser abordado em um módulo que se adaptaria em algumas disciplinas. “Com base nesse levantamento é importante tanto a empresas públicas ou privadas refletir sobre alguns serviços que afetados poderiam causar sérios prejuízos. Por isso a importância de suprir essas necessidades estruturais”, defende o pesquisador.

Vistas para o mestrado

Massaro Victor se prepara com Adriano Maia e Rangel Félix para o mestrado na área de computação. Atualmente, ele também trabalha no Censo Agropecuário do IBGE, onde, assim como Adriano Maia, ingressou no concurso público temporário da instituição. Entretanto, as saudades do IFCE o mantém próximos aos estudos de computação, sobretudo no que concerne á educação e a sua atuação como design gráfico. “Essa instituição (IFCE) se tornou nossa casa. Eu entrava uma hora da tarde e saía dez horas da noite. Eu não estava no IFCE como obrigação, eu estava como prazer. Foi lá onde constituí meus inúmeros amigos, onde fui com a intenção de estudar e vivi minha formação”, rememora Massaro.

Natural de Jaguaribe e filho de pais também jaguaribanos, Massaro iniciou a faculdade morando com a avó. “Infelizmente eu a perdi. Ela foi muito importante em me incentivar, foi uma perda difícil. Ingressei no curso de Redes de Computadores em 2014, assim que terminei o Ensino Médio, ao ser aprovado no Enem. Saí do Ensino Médio sem ‘saber estudar’, sem ter rotina, uma falha minha. Mas no primeiro semestre logo aprendi com os professores do IFCE a importância de uma rotina de estudos. Pela estrutura do curso, no primeiro semestre logo ‘reaprendi a estudar’”, avalia. No IFCE, Massaro foi bolsista de extensão, presidente e vice-presidente do Centro Acadêmico Alan Turing e um dos “violonistas oficiais” do campus.

Como bolsista de extensão, o estudante ampliou sua atuação em Design Gráfico, uma das áreas em que se especializou, contribuindo com inúmeros trabalhos para os cursos do IFCE Jaguaribe. E foi com mais um talento que Massaro se tornou muito conhecido nas atividades do IFCE. “Eu fiz aula de violão sem ter um violão. Aprendi depois pela Internet. Eu sempre escutei muita música, sempre diversificando. Gosto muito de Legião Urbana, Paralamas do Sucesso, venho escutando muito Leoni (fundador da Banda Kid Abelha, cantor e compositor), eu gosto muito da forma como ele escreve. Eu sempre procuro isso, não apenas a banda em si. Mas o artista em si por completo”, destaca Massaro.