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Centro Internacional do Café de Sombra vai ser criado em Mulungu

Publicada em 08/09/2020 Atualizada há 1 mês, 2 semanas

Representantes da Prefeitura Municipal de Mulungu-CE, da Fundação Cultural Educacional Popular em Defesa do Meio Ambiente - Cepema, do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará – IFCE Campus de Baturité e IFCE Campus Guaramiranga e do Observatório Cearense da Cultura Alimentar da Universidade Estadual do Ceará - OCCA Uece, celebram a assinatura de um Termo de Cooperação para realização do projeto de instalação do Centro Internacional do Café de Sombra.

As instituições parceiras irão desenvolver conjuntamente projetos colaborativos, com especial ênfase na produção, processamento, pesquisa, promoção e comercialização do café de sombra agroecológico, da região do Maciço do Baturité, no Ceará.

A cerimônia ocorrerá presencialmente nesta quarta-feira, 9 de setembro, a partir das 9h da manhã, na sede da Prefeitura Municipal de Mulungu, à
Rua Cel. Justino Café, 136 - Centro. A cidade fica a cerca de 120 Km da capital Fortaleza, sendo previsto a adoção de medidas de segurança no evento, conforme as recomendações das autoridades sanitárias. Também haverá a transmissão ao vivo pelas redes sociais.

Para a assinatura, além de representantes das instituições envolvidas, está prevista a participação da presidente do Sindicato das Indústrias de Torrefação e Moagem de Café do Estado do Ceará - Sindicafé, Milene Alves Pereira. Também foram convidadas autoridades do Governo do estado e da Assembleia Legislativa, bem como representantes da Federação da Indústrias - Fiec e de agricultores(as) familiares.

Termo de Cooperação

O convênio, além da criação do Centro Internacional visando a valorização do café de sombra, pretende ainda a realização de diversas atividades como: a instalação de torrefadora e do Memorial do Café, o fortalecimento da gastronomia, restaurantes e da cultura alimentar e a promoção do turismo no território, a proteção da biodiversidade (avifauna) e dos sistemas socioecológicos, bem como o desenvolvimento de projetos-piloto.

Para participar da transmissão dentro da sala virtual por meio da plataforma Zoom, é preciso se inscrever via e-mail: institucional@fundacaocepema.org.br e receber o link ou acessar a página do Facebook https://www.facebook.com/CepemaFundacao/ no horário marcado.

Retomada histórica

O consultor Adalberto Alencar (U&We Suécia) recorda os caminhos e percalços da experiência da exportação do café florestal de sombra, na década de 1990. "O café plantado no remanescente de Mata Atlântica, com alguns esforços técnicos e investimento na seleção de grãos, chegou a ser considerado um dos melhores do mundo", assegura Alencar.

Ele lembra que foi instalada uma torrefadora, que funcionou em comodato com a associação os cafeicultores da região. Com a participação de agricultores foi criada também uma cooperativa, mas houve dificuldades de gestão e de mercado na época.

Nos últimos anos se retomou o contato pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas - Sebrae, que estabeleceu a rota turística do café.

E no ano passado, com a realização do Ceará Organic Food Festival, ganhou novo impulso a articulação de um grupo de trabalho envolvendo as instituições de governo, acadêmicas, do Terceiro Setor, empresariais e os próprios produtores, com planos de retomada da fábrica torrefadora, bem como sua legalização, plano de negócios e investimentos em laboratório de análises, dentre outros.

Impactos sociais e ambientais

Adalberto é um entusiasta da proposta do Centro Internacional do Café de Sombra. Segundo ele, o projeto envolve atuações em diversas áreas relacionadas, como: "turismo, gastronomia, educação ambiental, preservação de espécies, pesquisas científicas sócio-ecológicas, e muitos outros".

Além disso, o consultor ressalta a viabilidade legal desse tipo do plantio de manejo em Área de Proteção Ambiental - Apa, como é o caso, em que não é permitido a queima e desmatamento, apenas o uso sustentável. "O café associado com árvores frutíferas, por exemplo, representam consórcios essenciais para recuperação de terras degradadas e conservação de nascentes, sequestro de carbono, além de fonte de renda pelo extrativismo de madeira e produção de alimentação saudável", destacou.

O projeto deve envolver outros municípios, dentre os cerca de 40 que praticam esta modalidade de cultivo no estado, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE. A produção deve mirar inicialmente o mercado interno de café orgânico e, em seguida, o exterior. Para isso, deve contar inclusive com a certificação do Sistema Participativo de Garantia, da Rede EcoCeará de Agroecologia.

"Estas iniciativas devem recolocar no cenário nacional e internacional a referência de qualidade do café florestal de sombra do Baturité, uma tradição histórica de mais de 250 anos de produção sustentável", garante Adalberto Alencar"