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Religiosidade iorubá e musicalidade africana norteiam roda de conversa

O evento foi promovido pelo Neabi e contou com a participação de servidores e alunos do campus de Acaraú

Publicada em 07/10/2024 Atualizada há 1 mês, 1 semana

Na noite da última sexta-feira, dia 4/10, foi realizada, no campus Acaraú do IFCE, uma roda de conversa promovida pelo Núcleo de Estudos Afrobrasileiros e Indígenas (NEABI). No evento, o professor Rafael Carneiro, da área de filosofia e coordenador do Núcleo, abordou a relação entre a religiosidade brasileira e Iorubá. A cultura Iorubá tem forte influência na cultura brasileira, sobretudo na religiosidade. Trata-se de um grupo étnico africano que atualmente ocupa os territórios da atual Nigéria, Gana, Benin e Togo. Eles são povos muito antigos, descendentes de povos que se assentaram na região sul do Rio Níger. O culto aos orixás chegou ao Brasil junto com os Iorubás, na época da escravidão em nosso país. Esse culto deu origem às duas principais religiões de matriz africana No Brasil: o Candomblé e a Umbanda. No evento, houve ainda a realização de uma vivência percussiva de matriz africana, com a professora Edilma Bezerra, docente de Língua Portuguesa do campus e vice-coordenadora do Núcleo. Ao momento, participaram servidores e alunos da instituição.

Professora Edilma, que é pernambucana, se declarou simpatizante da música de matriz africana e trouxe ao evento alguns instrumentos para exemplificação rítmica. As danças e as músicas estão muito presentes na cultura africana, isso proporcionou a criação de vários instrumentos musicais africanos como o agogô, ganzá, alfaia, triângulo, pandeiro, etc. Além de falar como são utilizados esses instrumentos em manifestações populares no carnaval de Recife-PE, como Maracatu e Coco, alguns presentes ainda tiveram a oportunidade de tocar alguns instrumentos. Foi um momento de interação social e de nova experiência aos presentes.

No evento, professor Rafael trouxe vários elementos importantes acerca da religião iorubá, a religião dos orixás, como são chamadas as divindades dessa religião. Existem diversos orixás, entre eles estão Olodumarê, Iemanjá, Xangô, Oxóssi, Ogum, Iansã e Oxum. Conforme professor Rafael, cada orixá possui características diferentes e atua em aspectos diferentes da vida humana. O docente fez um resgate da mitologia em torno do surgimento de cada Orixá e sua história mediante um aporte teórico profundo.

Não é pequena a lista de Orixás. Iemanjá é a orixá das águas salgadas, e seu nome “Yêyé omo ejá”, significa algo como “mãe dos peixes"; Xangô é o orixá dos raios e trovões, também responsável pela justiça; Oxóssi é o orixá da caça, da estratégia e das florestas; Ogum é o orixá da guerra; Iansã é uma Orixá guerreira; Oxum é a orixá das águas doces, como cachoeiras, lagos e rios; Omolú é o orixá das doenças e da cura.

Assim como a ideia da criação do Cristianismo, o povo iorubá tem também uma explicação, um mito da criação. Nele, é narrado que Olodumaré, também chamado de Olorum, ordenou que Oxalá construísse a Terra. Durante quatro dias Oxalá jogou terra sobre os pântanos e águas que existiam, criando o Aiyê, o mundo dos humanos. Olorum enviou para essas terras o dendezeiro e criou o Sol e a chuva para que ele crescesse. Com o Sol e as chuvas surgiram as florestas, savanas e os vales. Oxalá utilizou barro para modelar um homem e uma mulher e soprou neles o emi, o sopro da vida.

Edson Costa - Acaraú